PORQUE VOCÊ ESCOLHEU SER HOMOSSEXUAL?-POR-GEICI MAIARA BRIG

26/06/2021 MADIS

“PORQUE VOCÊ ESCOLHEU SER HOMOSSEXUAL?”

Essa é uma das frases mais ouvidas no processo de construção e aceitação.

Talvez eu não consiga ajustar as palavras, pois passam tantas coisas na cabeça, mas vamos lá!

Eu, Geici, lido de uma forma talvez diferente. Eu me blindo para muitas coisas que escuto, que vejo. Os ataques pela orientação sexual existem, e não são poucos. Mas como lidar com isso? Eu, ignoro total!

Quando me perguntam se foi uma escolha, eu tenho duas óticas para a resposta: uma é sobre a ótica de sociedade: ninguém escolheria passar por situações que passamos, sempre sendo apontadas, julgadas e até mesmo excluídas. Pela segunda ótica, que é a realização pessoal, eu escolheria mesmo hahaha porque não há nada como uma mulher na vida da gente, em todos os sentidos, mas que não cabem expor em um post, a vida é um livro aberto, mas nem tanto haha.

Mas não, não é escolha, a minha escolha foi apenas me aceitar e viver a minha vida!

Esse momento me faz refletir sobre como nós vivemos a nossa vida como pessoas LGBTQIA+. Eu, para quem conhece, não é segredo que sou homossexual, mas mesmo tendo isso muito bem resolvido comigo mesma, muitas situações de afeto e carinho em público, estão fora de cogitação. Por quê? Medo!

É muito complicado para qualquer pessoa da comunidade, mas falo do meu espaço de fala: minha vida. Gostaria muito de andar tranquilamente de mão dada na rua, dar um beijo quando der vontade, enfim, coisas que todas as pessoas heterossexuais fazem sem nenhum problema. A sociedade ainda não consegue compreender o afeto de pessoas como eu, reprimem o carinho e criminalizam nosso amor.

É um equilíbrio que parece fácil, mais não é. Eu sou muito resolvida comigo mesma sobre me relacionar com mulheres, mas mesmo assim, não consigo me sentir segura para que eu possa viver intensamente esses amores.

Estamos no país que mais mata pessoas LGBTQIA+ no mundo, e esse posto é ocupado infelizmente por 12 anos seguidos pelo Brasil. Mas o que faz com que exista tanto ódio com pessoas que apenas aceitaram viver suas vidas, sem se esconder ou fingir? O que tem no amor alheio que fere tanto o ego de uma sociedade patriarcal quanto a nossa? O que muda na sua vida se eu durmo com um homem ou uma mulher?

A resposta não é uma matemática certa, mas observa-se uma sociedade doente, uma sociedade hipócrita, uma sociedade que não é sociedade. Em pleno século XXI as pessoas são mortas apenas por não seguirem o padrão imposto pela sociedade. Nossa resistência é para ter o direito de amar, o direito de viver, o direito de existir.

Um ponto, que dia após dia eu entendo que é fundamental, é a nossa afirmação. Para mim, não por aceitação, mas sim por exemplo. Eu já fui diminuída muitas vezes a ser uma mulher lésbica, invisibilizando qualquer outra característica minha, inclusive intelectual.

Qualquer pessoa, que tenha voz, tem o dever de dar voz aquelas pessoas que precisam ouvir que não estão sozinhas. A representatividade é importante para abrir espaços e criar uma sociedade mais justas a pessoas como eu que, a 12 anos atrás, me sentia sozinha e sentia que estava fazendo errado, que isso não existia.

Enquanto sociedade, devemos aprender a respeitar, a ter empatia, a amar o próximo. Você só deve aceitar ou não o casamento homossexual, caso você seja pedido em casamento, qualquer coisa além disso, respeite!