DE AMORES, PERDAS E GANHOS POR GRAÇA FRANÇA
Desde o nascimento a gente deveria saber que tudo acaba. Como diz o poeta “a gente mal nasce e começa a morrer”. Tudo nesta vida tem fim, inclusive a própria vida. Na cultura ocidental não somos educados para as perdas. Numa sociedade que valoriza os ganhos, o ter, perder sempre é um processo doloroso. Mas não deveria ser assim. Cada coisa tem seu ciclo, tudo muda, se transforma, piora, melhora ou simplesmente morre. Quer a minha alma romântica acreditar que há um renascimento.
Das perdas de amores a pior é sempre a primeira, pelo menos comigo foi assim. Primeiro amor, primeiro encantamento, aquela coisa lúdica da descoberta do gostar, do sexo, do afeto, da atração, da paixão. Quando eu estava no auge do envolvimento ganhei “um terrível pé na bunda”. Foi terrível mesmo, chorei todas as lágrimas que a pós-adolescência possibilita, minha vida se transformou num rio de lágrimas, queria morrer, o mundo não tinha mais graça, nada valia a pena. Sofri as dores de amores com muita intensidade, foi uma época inclusive que virei poeta e tomei meu primeiro “porre”. Mas a pior de todas as decepções não foi esta, simplesmente foi um ano depois, quando o velho amor que me derrubou, voltou e chorou seu engano e, disse que eu era a mulher da sua vida, queria noivar, casar, nunca mais ficar longe de mim. Eu olhei aquela pessoa na minha frente e não senti absolutamente nada, o coração não disparou, o sangue não correu mais forte em minhas veias, o sentimento não fluiu, foi simplesmente indiferença total. Nem amor, nem raiva (aquela que foi tão forte no rompimento). Fiquei traumatizada, acreditando que não adiantava amar e sofrer porque no final tudo acabava mesmo. Por que gastar tanta energia?
Renascimento
Mas a vida é surpreendente, um belo dia a paixão chegou de novo na minha vida, avassaladora como da primeira vez. Dizem os estudiosos que a atração, a paixão, o enamorar-se é uma química que libera hormônios e substâncias especificas. Eu quero crer que o amor não tem explicação, nasce de um nada e acaba também de um nada. Entre tantas pessoas porque exatamente você quer aquela pessoa? A vida me ensinou que a gente não ama apenas uma vez nem apenas uma pessoa. Há relacionamentos que pode durar uma vida, casais que mudam, crescem e escrevem uma história juntos. É uma coisa difícil porque amar dá trabalho. Tudo tem que ser cuidado e se adaptar para sobreviver nas turbulências da vida. Mas também há coisas e pessoas que não chegam para ficar, simplesmente são companheiros temporários de viagem e por algum tempo são imprescindíveis em nossas vidas. A sabedoria maior é saber a hora de liberar o “outro”, de lidar com o fim ou a transformação das coisas. É triste, claro, toda perda, tudo que passa pela nossa vida, leva um pouco de nós, marca nossa história, faz com que sejamos a pessoa que somos.
Amar sempre é bom
Tive muitos amores, todos fizeram de mim uma pessoa melhor, cada perda doeu, como se eu queimasse num fogo ardente e só restassem cinzas. Mas sempre renasci como a fênix, gloriosa, vivenciando um novo amor. Aprendi a perder, a ganhar, as juntar meus pedaços, a reconstruir meus sentimentos, a me alinhar com a realidade. E digo mais, dos amores que tive todos ainda têm um lugar no meu coração, afinal eles fizeram a vida que vivi. É a nossa história. Espero que cada um possa ter encontrado novos amores e quem sabe a famosa “alma gêmea” que tanto falam. Coisinha difícil, porque o que mais encontramos nesta terra é alma que geme do nosso lado.
O importante é que sejamos conscientes que amar sempre é bom, entre perdas e danos sempre tem algum ganho. Não há nada que se compare com a explosão de sentimentos, com a entrega, com as alegrias que o amor proporciona.
Hoje falei um pouco do que acho do amor, daquele amor entre dois seres que se atraem, se escolhem e por algum tempo são felizes para sempre. Como diz o poeta: “infinito enquanto dure”.
A boa notícia é que entre erros e acertos encontrei o companheiro que faz parte de minha vida há quase 40 anos. Tivemos altos e baixos em nossas vivências, mas sobrevivemos e escrevemos uma história: A HISTORIA DE NÓS DOIS! Não concebo minha vida sem ser mulher de Paulo nem mãe de Melina e Mirela.
Graça França, jornalista, motor 6.5, mas ainda na pista, na viagem de todo dia, vivendo as experiências da vida, como se fosse a primeira vez, aprendendo sempre. Mora em Natal-RN, uma cidade cheia de praias e belezas naturais. Um pé na praia e outro no mato, porque também tem raízes no interior. Atualmente trabalha com assessoria de comunicação institucional, adora viajar. Urbana, praieira e matuta, tudo junto e misturado. Uma paixão nova pela fotografia. Casada, com duas filhas e um marido “quase perfeito”(rsrrsrs..)
Graça, o meu grande amor, companheiro, amigo que partiu há dois(2) anos, tinha seu sobrenome. Difícil viver sozinha, depois de tanta felicidade.
Maravilhosa mulher, mãe, amante. Amei sua descrição! Quero mais. <3