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PESSOAS COM ALZHEIMER PODEM VIAJAR?

PESSOAS COM ALZHEIMER PODEM VIAJAR?

JÚLIANA BENEVIDES

 

Depende! E você vai entender o porque desta resposta ao longo da leitura deste artigo.

Viagens em família, geralmente, são uma ótima forma de aliviar o estresse, vivenciar experiências significativas em conjunto e estreitar os laços entre os membros. Mas ela pode não ser uma boa estratégia quando nesta família há alguém com a Doença de Alzheimer (DA).

As viagens podem ser cansativas, estressantes e trazer como consequência a sensação de insegurança, a desconfiança e o aumento da desorientação em quem tem a DA. Isso ocorre porque pessoas com demência tem dificuldade para lidar com as mudanças na rotina e no ambiente. Quando ocorrem esses tipos de mudanças, as reações podem ser inesperadas e imprevisíveis.

Por outro lado, as viagens não são proibidas para quem tem DA. Alguns se comportam muito bem e podem até ser beneficiados. Um exemplo disso, são aqueles que estão em fase inicial da doença e tem o sonho de conhecer determinados lugares ou visitar pessoas importantes. Para eles, a realização deste desejo, deste um sonho, pode ser bem interessante

Mas outros podem apresentar reações catastróficas, colocando a própria vida e das pessoas ao redor em risco. Geralmente esses problemas ocorrem quando essa pessoa está na fase intermediária da doença.

Por isso, quando surge a possibilidade de uma viagem, é importante pensar em uma questão de ordem: a segurança! A segurança do idoso, dos familiares e das pessoas ao redor. Assim, analisar o perfil da pessoa com DA, a capacidade do cuidador de manejar comportamentos inusitados e a possibilidade de conseguir suporte, caso seja necessário, é fundamental. Então, pondere as seguintes questões:

Em relação a viagem

Avalie a importância desta viagem, estude o destino, os meios para chegar lá e verifique a possibilidade de acesso a suporte, caso seja necessário. Ou seja, é importante refletir se vale a pena correr o risco de viajar com alguém que pode apresentar dificuldades de adaptação e escolher locais que sejam familiares, nos quais seja possível manter a rotina e que não sejam tão distantes. Por último, analise cuidadosamente o trajeto e as possibilidades de suporte médico e social ao longo da viagem.

Em relação à pessoa com DA
Em qual estágio ela está? Na fase inicial, em geral, as viagens ocorrem sem grandes intercorrências. Já na fase intermediária o idoso pode apresentar comportamentos catastróficos e de difícil manejo. Sugiro um pequeno teste. Antes de programar uma viagem para fora da sua cidade, reserve uns dias em um hotel (ou similar) próximo de sua casa e observe o comportamento desta pessoa durante a estadia. Se ela apresentar dificuldades de adaptação, isso significa que provavelmente uma viagem de longa distância não é uma boa opção.

Habilidades e saúde emocional do cuidador
Como você, cuidador, está se sentindo? Se você estiver estressado ou ansioso, pode não estar em condições de manejar situações complicadas. Pense nisso! Também é fundamental perceber como você lida com as novas mudanças de comportamento do idoso. Você consegue manter a calma e manejar as situações de forma habilidosa? O autoconhecimento é fundamental.

Para finalizar esse artigo, enfatizo que a viagem DEFINITIVAMENTE não é indicada quando a pessoa com DA:

Apresenta comportamentos agressivos, irritação, delírios, alucinações, crises de choro, síndrome do pôr do sol e crises de ansiedade quando está em locais nos quais há muitas pessoas e excesso de estímulos,

Apresenta condições clínicas que necessitam de monitoramento contínuo e está na fase avançada da doença
Nestes casos, as chances do idoso apresentar comportamento catastróficos é imensa. Com isso, a viagem pode se tornar um grande problema. É melhor não arriscar.

Analise essas questões com carinho antes de tomar uma decisão a esse respeito e compartilhe conosco as suas experiências. Como eu sempre digo, cuidadores precisam trocar experiências com outros cuidadores. Assim, vamos aprendendo juntos e construindo novas estratégias para lidar com problemas que ocorrem no cotidiano de cuidados.

 

Juliana Benevides

Idealizadora da Mentoria S.O.S Alzheimer

Doutoranda em Bioética e Saúde

Mestre em Saúde Coletiva

Especialista em Saúde da Pessoa Idosa e Gerontologia

Ativista do Movimento Stopidadismo

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