Aparecida Camilo

UMA ESTRANHA DAMA POR APARECIDA CAMILO

 

 

Absorta em seus pensamentos, Ravena atravessava a rua sem olhar os transeuntes que ao seu lado também peregrinavam. Depois daquele telefonema que lhe deixara de certa forma feliz, ela só desejava chegar ao seu destino, até que aquele encontro se realizasse. Ela esperaria ansiosa.

Estava a caminho do lugar que ela mais amara, em tempos passados. A praia, lugar que ela fora muito feliz com o amor de sua vida, seu único amor. De repente veio lhe o rosto amado em seus pensamentos e com um sorriso pediu passagem para um carro que passava devagar em sua frente.

Aquela era a época do ano que ela mais gostava, apesar de não gostar do clima quente, ela ficava debaixo do guarda sol, admirando a paisagem e sonhando acordada. Ela se sentia feliz ao ver as pessoas brincarem e sorrirem, umas com as outras, pois ela guardava em si muitas alegrias, e, portanto assim, era feliz, sim, apesar de tudo, ela era feliz! Por isso, ela sorria sempre ao se deparar com alguém conhecido, ou até mesmo um desconhecido que passasse por ela e lhe dirigisse um olhar, assim como quem diz, olá, ou até mesmo quando se lembrava de algo engraçado que vivera com algum amigo.

 

 

Pronto! Pensou ela, eis-me. A casa estava do mesmo jeito, parecendo que nunca haviam saído daquele recinto, muito embora a vetustez do tempo se fizesse presente nas flores do jardim que estavam um pouco secas e amareladas, expressando a saudade de seus jardineiros que há tempo dormiam. A piscina com seu verde a se confundir com as nódoas do tempo, o quarto, uma confortável suíte. Deitou-se em sua cama olhando cada detalhe, como se fosse a sua última vez naquele lugar. Levantou e caminhou até a piscina e ali se sentou na sua cadeira que ganhara de presente, onde sentara várias vezes ao lado do ser amado, a lembrança chegou com um turbilhão de emoções lhe invadindo a alma, e com ar nostálgico ficou por algumas horas ali, e diante de si viu, todas as cenas de sua vida.

Quando criança era muito sozinha, sempre fora livre, sempre pensara diferente dos seus irmãos. Enquanto suas irmãs pensavam em casar-se, ter filhos, ter sua casa, ela pensara em simplesmente viver! Viver a alegria do encontro e a felicidade dos sonhos, e quando lhe visitasse a tristeza, ela soubesse tomar-se de alegria e seguir em frente, sem olhar para trás.

No decorrer de sua vida, houve muitos acometimentos de risos e alegrias, lhe veio à mente o ser que a tirara de sua vida de liberdade, e ainda aprisionara seu coração com correntes tão fortes, que até o momento, ela ainda não conseguira se livrar de tal prisão, e ainda espera quem sabe continuar de onde parou, no tempo, aquele amor que transbordava em emoções em cada abraço, em cada sorrir, em cada toque, em cada sonho que tinham juntos. Onde fora parar tudo isso?! Onde fora parar tanto amor e emoção?! Será que ela conseguiria continuar aquele relacionamento, que fora tão nocivo?! Ao passo que a fazia sorrir, lágrimas vertiam pela face como algo desmedido.

 

 

Ravenna de Montserrat, nascida no dia 13 de maio do ano de 1964, crescera precocemente. Era admirada pela a maioria que se aproximavam dela, e invejada também por outros que não conseguiam agir igualmente a ela. Uma líder nata, altiva, segura do que queria desde criança, personalidade muito forte, não via os que não valiam a pena. Não traia, nem mesmo a um amigo, pois ela sempre dissera que a mulher é algo tão sublime, que não merece se rebaixar a uma traição, seja ela qual for!

Aos cinco anos de idade já sabia ler e escrever sem ajuda de nenhum professor, ela não sabe como, mas aprendera simplesmente, ela olhava para os livros e sabia o que estava escrito, sua mãe um pouco ignorante, apesar de ser uma mulher muito inteligente, não possuía conhecimentos literários, olhava para aquela criança e dizia, “essa menina é doida advinha até o que está escrito nos livros”.

Ao lembrar-se de tal cena, sorri com certa felicidade, pois ela descobrira que sempre fora privilegiada com tudo em sua vida, podia se candidatar para qualquer tipo de trabalho, que ao passar dos dias, ela já estava ocupando o cargo de liderança, acontecimento que deixava muitos com despeito. Seus chefes na maioria das vezes gostavam de sua opinião, ideias, sempre disponível para todos. Mas eram a junção destes acontecimentos, e o barulho de pessoas ao seu redor, que a deixava cansada.

 

 

Fugindo do cansaço e barulho atordoante, visitava aquela velha e longínqua moradia elitizada, no meio do nada, lugar para se encontrar consigo seus sonhos e inspirações, era cheia de rosas e Buganvília de todas as cores para colorir sua aura, um espelho d’água magnifico, como o de Taj Mahal, para lembrar-se do romantismo, quando da criação daquele Castelo, pois apesar de tudo, era romântica. E juntamente com ela, um tigre, um leão e uma águia, simbolizando o seu equilíbrio junto à vida, o Tigre representava sua agilidade, o Leão sua força, a Águia a sabedoria adquirida com o tempo que a trouxera até ali.

 

 

Aparecida Camilo , Advogada atuante e Pós-Graduada em Língua Portuguesa, durante seu tempo por aqui entre todos que denominamos humanos, sempre lidou com pessoas. Não seria diferente a escolha de sua profissão. Trabalhou pouco em sua vida, mas sempre gostou de estudar e estudou um pouco. Não saberia dizer em que idade se encontra, pois tem dia que vive a sapiência e o silêncio dos 100 anos, outro vive o glamour dos 20, outro a introspecção dos 40, e ainda tem aquele dia que ela vive somente a teimosia dos 5 anos de idade, em seu Registro de Nascimento consta que ela completou 54, com gratidão a este Universo tão vasto e bonito que nos faz sonhar e esperançar, que chamamos Deus e vive sempre com as possibilidades que a vida apresenta, o seu lema é: viver um dia por vez, aprendizado que obteve ao longo de sua vida e espera ainda viver na serenidade.

E-mail: aparecidacamilo@hotmail.com

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