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OS SEGREDOS DA LONGEVIDADE- COMO VIVER MAIS DE 100 ANOS

Segredos da Longevidade:

Como viver mais de 100 anos?

Desde a década passada, o pesquisador Dan Buetter e sua equipe da National Geographic embarcaram em uma investigação mundial sobre os lugares com maior longevidade e qualidade de vida.

A ideia da investigação foi simples, porém profunda: ao invés de consultar dietas da moda, livros, “gurus”, etc, o objetivo seria descobrir os lugares onde as pessoas de fato têm mais saúde, e descobrir o que elas fazem de diferente. Foi exatamente isso que a pesquisa fez, com muito sucesso, e muitas conclusões foram tiradas.

“Zonas Azuis”

 

A partir da pesquisa, o termo blue zone (“zona azul”) começou a ser utilizado para designar essas regiões do mundo onde as pessoas consistentemente têm uma saúde e qualidade de vida acima da média mundial. Nesses locais, a quantidade de pessoas que atinge os 100 anos é destacadamente maior que a média.

  • Sardenha, Itália. Maior concentração de centenários do mundo. Em uma montanha específica, mais de 50% dos homens chega aos 100 anos de idade.
  • Ilhas de Okinawa, Japão. Lar de mulheres de extraordinária saúde, com a maior expectativa de vida do mundo. Os habitantes morrem 5x menos de câncer do pulmão e do colo, e 6x menos de doenças cardiovasculares (em relação aos Estados Unidos).
  • Loma Linda, Califórnia. Grupo mais longevo dos Estados Unidos, constituído de religiosos. Pessoas desse grupo vivem em média 11 anos a mais que outras pessoas da região.
  • Península de Nicoya, Costa Rica. Ali os habitantes comem muitas frutas, e cereais ricos em antioxidantes. É considerada a maior zona azul do mundo, ou seja, o local onde vivem mais pessoas acima dos 100 anos.
  • Icária, Grécia. Maior taxa de pessoas que alcançam os 90 anos no planeta — aproximadamente 1 em cada 3. Constatou-se também que os icarianos têm uma taxa 20% menor de incidência de câncer, 50% menor de doenças cardíacas e praticamente 0% de demência.

Estilo de Vida

Agora o que essas “zonas azuis” têm de especial? Quais são as características comuns no estilo de vida dos habitantes desses lugares pertencentes a países e culturas tão diferentes? Em resumo, esses são os resultados da pesquisa, que podem ser agrupados em três grupos de atitudes:

 

Atividade Física Moderada e Constante

 

 

As atividades físicas com moderação são parte do cotidiano: todos andam a pé, fazem a faxina na casa, colhem seus próprios alimentos, enfim, estão sempre em movimento. Para saber mais sobre como trazer isso para sua vida.

Envolvimento Social Intenso

Pessoas de todas as faixas etárias são socialmente ativas e integradas a suas comunidades. Todos têm muitos amigos, e o senso de ajuda mútua é muito presente. Além disso, a família é sempre colocada como grande prioridade.

Dieta Rica

A dieta desses locais varia bastante, já que as zonas azuis estão espalhadas pelo mundo. No entando, foram encontradas algumas características em comum:

  • Dieta à base de plantas.. A dieta não é estritamente vegetariana, mas a grande maioria dos alimentos consumidos é derivada de plantas. O consumo de carne nunca passa de uma vez por semana, e até o consumo de peixe é reduzido, não passando de 2 vezes por semana.
  • Alimentos diversos e com baixa carga glicêmica. Dos alimentos consumidos (essencialmente vegetais), eles sempre tendem a ser os com carga glicêmica mais baixa, que são os que não exigem altas doses de insulina na corrente sanguínea para serem processados. Além disso, nenhuma povo se concentra em poucos alimentos; todos eles tendem a diversificar bastante a alimentação.
  • Controle intuitivo de calorias. As pessoas tendem a comer menos que a média mundial, utilizando pequenos “truques” como por exemplo: sempre parar de comer quando o estômago estiver no máximo 80% cheio; ou sempre utilizando pratos pequenos para se servir.

Dr. Mario Martinez fez um estudo com 700 centenários saudáveis ​​de todo o mundo sobre como a cultura influencia o envelhecimento. Suas descobertas , mostra os traços comuns, crenças e conceitos de envelhecimento das pessoas mais longevas do mundo. O autor nos mostra como viver até 100 anos e maneiras de modificar a “consciência do envelhecimento” em uma sociedade que não suporta envelhecer.

 

 

De acordo com o pesquisador, a longevidade não está nos genes como temos sido levados a acreditar. Está relacionada a uma cultura de crenças e seus consequentes comportamentos. Ele nos encoraja a adotar uma mentalidade centenária o mais rápido possível e em qualquer idade.

Se você já é considerado sênior, pode reconsiderar esse rótulo ao ler este artigo. O grupo de pessoas de seu estudo não se considerava “idoso”. Alguns ficaram até indignados com a sugestão de serem considerados “da terceira idade”.

Segundo ele, você experimenta um envelhecimento saudável quando consegue viver sua idade sem medo. Como cultura, estamos muito atrasados com nossas crenças sobre envelhecimento.

Centenários nos mostram que são as crenças, e não a genética, que contribuem para a sua longevidade. Eles não se encaixam no estereótipo de sua idade.

Crenças como “Você é velho demais para isso” ou “O que você espera na sua idade?” determinam que você deve perceber o mundo dentro dessa perspectiva. Essas crenças restringem suas opções e controlam seu envelhecimento biológico.

Devemos escolher o que incorporar e o que descartar. Os centenários investigados conseguiram discernir  o que questionar e como desafiar. Eles foram capazes de se lembrar dos presentes que a vida lhes ofereceu. A lição aqui é perceber que nas nossas memórias existem presentes esquecidos que negligenciamos assimilar. Eles sempre se lembram com compaixão de seu passado.

Centenários saudáveis não se lamentam, nem reclamam. Eles vivem suas vidas com gratidão e apreço. São indivíduos criativos e envolvidos. Muitos vivem em suas próprias casas e têm uma vida social rica, embora raramente se juntem a grupos de idosos.

 

Os centenários compartilham características semelhantes

 

  • Eles são rebeldes que não concordam com as crenças de suas culturas. Eles criam sua própria cultura.
  • Eles se entregam diariamente a rituais agradáveis, como um charuto, um pequeno whísky ou um doce. Importante lembrar que é um ritual – como a cerimônia do chá – e não uma farra desmedida e sem sentido.
  • Vivem no presente e aguardam o futuro. Eles têm eventos e novos desafios para olhar para frente.
  • Eles não se identificam com seus colegas ou com a idade. Eles não gostam de estar perto do que chamam de pessoas idosas, muitas das quais são mais novas do que eles.

Se você quer longevidade e não quer passar os últimos anos da sua vida com problemas de saúde pensando em como você é “velho”, você pode mudar seu futuro a partir de hoje adotando uma atitude nova.

 

Maneiras para adotar uma atitude sem idade

 

 

Para começar a agir como um centenário saudável, adote estas cinco atitudes:

  • Não use sua idade como uma “gaiola”. Pare de dizer coisas como “na minha idade” ou “estou velho demais para isso”.
  • Evite “recitais de órgãos” ou seja, não comece a catalogar suas dores nem passe a discutir todos os problemas de saúde e doenças. Nada é mais chato!!! Pior ainda, aquilo que você focaliza a sua atenção tende a aumentar. Por que não focar no que está funcionando?
  • Decida questionar o que você aprendeu sobre envelhecimento. O modo como você envelhece tem muito a ver com suas crenças.
  • Escolha mentores para o envelhecimento saudável: saia com pessoas com quem é mais fácil ser feliz.
  • Crie metas e sonhos que o levem adiante. Isso pode ser o mais importante de tudo. Crie uma vida que você ame e continue vivendo, independentemente do número do seu RG.

Lembre-se: A gerontologia é simplesmente o estudo da “patologia” do envelhecimento. Você não precisa ter nenhuma patologia, porque o envelhecimento saudável não significa deterioração. Além disso, é uma perda real se você chegar ao fim de sua vida sem nunca ter se desenvolvido, para não mencionar todos os dons de sabedoria que acompanham a idade. Prosperar a cada ano que passa é realmente uma opção para todos nós.

Dr. Mario Martinez é um neuropsicólogo clínico que em 1998 desenvolveu a teoria da ciência biocognitiva com base em pesquisas que demonstram como os pensamentos e sua expressão no corpo acontecem dentro de uma história cultural. Ele argumenta que os atuais modelos das ciências estudam as doenças reduzindo o corpo a partes patológicas. Ele propõe que o processo de cura deve incluir a história cultural que contextualiza a mente e o corpo. Ele propõe desafiar as crenças culturais que perpetuam o desamparo genético.

Por mais sugestivas que sejam, essas descobertas carecem até hoje de alguma aplicação na vida real. O projeto é fascinante por uma razão que vai além da ciência: seu principal grupo de testes é formado totalmente por asquenazes, judeus que descendem de comunidades do Leste Europeu.

Nas notícias sobre longevidade, a atenção das pesquisas geralmente se volta a grupos, como comedores de iogurte da Geórgia, pensionistas japoneses ou holandeses da Pensilvânia. Barzilai concentrou seus estudos nos 540 asquenazes não porque vivam mais que outros grupos étnicos. Eles não são assim.

Os hábitos de vida, como alimentação, interferem na longevidade? A resposta é não

 

A razão é que o desenvolvimento dos asquenazes como uma comunidade homogênea facilita o estudo genético. Uma pesquisa feita por Gil Atzmon, colega de Barzilai, mostra que os asquenazes se ramificaram de outros judeus 2.500 anos atrás. Eles floresceram durante o Império Romano, mas depois passaram por um rigoroso gargalo, à medida que se dispersaram, reduzindo a população de muitos milhões para apenas 400 famílias.

Elas deixaram o norte da Itália por volta do ano 1000 e foram para o Leste Europeu. Apesar de seu número ter aumentado para cerca de 18 milhões de indivíduos na Europa antes do Holocausto, estudos mostram que 40% dos asquenazes de hoje descendem de apenas quatro mães judias. A pouca diferença genética entre eles, assim como a similaridade de suas situações econômicas e sociais, os tornam ideais para o estudo genético.

“Viver de modo saudável pode fazer com que você ultrapasse os 80 anos”, diz Barzilai. “Mas não os 100.” Quando isso acontece, algo mais está envolvido. Quando questionados sobre seus segredos para a longevidade, os participantes do estudo ofereceram explicações como genes, sorte e histórico familiar. Deus, diz Barzilai, finalizou o resto.

 

 

Os irmãos Kahn não tiveram uma criação judaica. Eles não iam a sinagogas. Helen e Peter mudaram de sobrenome, para Keane. No caso dela, por parecer um nome mais apropriado para uma escritora. Ela começou a escrever artigos para uma revista de moda feminina em 1936. Mudou várias outras vezes. Parou no Happy, apelido que ganhou aos 16 anos. Happy explicou tudo isso para mim do melhor jeito que pôde.

Muito bem vestida, unhas feitas e com pensamentos claros, a primogênita dos Kahns, aos 109 anos, não conseguia falar direito. Sua acompanhante, Olive Villaluna, serve de intérprete, mas várias vezes também não entende o que Happy diz. A dificuldade era consequência de dois derrames cerebrais que aconteceram em 2005.

Apesar das evidências em sua família, Happy não acreditava numa explicação genética para a longevidade. Perguntei a ela, então, se “apenas tocar a vida” seria o segredo por trás dos superidosos. “Não sei nada sobre isso”, disse ela, segundo Olive.

 

 

“Muitas pessoas viveram da mesma forma que eu e não chegaram a idade tão avançada.” Olive me contou que elas tinham ido ao médico no dia anterior. “A maior parte das vezes ela vai até lá só para dizer oi”, afirmou Olive.

Como seus irmãos e a maioria dos superidosos, Happy tomava poucos remédios. Mesmo assim, só começou depois dos derrames. Da última vez o médico perguntou se ela se sentia deprimida. “Por que eu estaria deprimida?”, disse ela.

No final de nossa conversa, Happy me perguntou se eu gostaria de almoçar com ela num caro restaurante asiático perto de seu apartamento. Mas ela foi sozinha. Nos dias seguintes, ela também jantou em dois outros restaurantes favoritos. Parecia que ela seguia uma lista de coisas a fazer. Procurou um restaurante onde ela e seu marido almoçaram uma vez. Agora, lá existe uma cafeteria Starbucks. Happy pediu um café. Também recebeu um amigo para almoçar em casa e passou a tarde de um domingo num parque.

 

Os superidosos não envelhecem de um jeito diferente de outras pessoas. Só envelhecem mais tarde

 

Peter Keane, de 102 anos, o bebê da família, mora com sua mulher, Elisabeth (a Beth), em Westport, Connecticut, numa agradável rua suburbana cheia de arbustos e árvores, incluindo uma enorme cerejeira. Peter estava muito bem até 2007, quando o glaucoma e a degeneração macular, sob controle havia anos, pioraram catastroficamente.

Meses depois, ele ficou cego. De vez em quando, seus olhos choram involuntariamente. Sempre que nota, Beth (uma jovem de 68 anos) passa um lenço nas mãos de Peter, para avisá-lo.

Fora isso, e uma fraqueza geral que exige uma cadeira de rodas almofadada, Peter parece estar em ótima forma. Tem muito cabelo, que não está totalmente grisalho. Sua voz é clara e expressiva. Como toda pessoa idosa ou de meia-idade, ele pode às vezes esquecer a palavra que quer dizer. Mas gosta de resolver o problema sozinho. Detesta quando Beth o interrompe e completa a frase por ele.

Beth e Peter se conheceram em 1984, quando ela tinha 40 anos, e Peter era um jovem divorciado de 73. “Ele era charmoso, uma companhia deliciosa e divertida. E ainda é”, diz Beth. Dá para entender o que ela quer dizer quando Peter começa a contar a história de sua vida, com detalhes vívidos e, de vez em quando, obscenos.

“Não consigo mais fazer muita coisa”, diz ele, sem mudar de tom. “As pessoas me perguntam pelo telefone como está o tempo. Digo a elas que nunca saio de casa. Isso é deprimente? Muito. Mas não tem jeito. Quando fiquei cego, disse que perder a visão é estar 99% morto. O outro 1% é hábito. Preferia morrer.”

E aqui Beth muda de assunto, para assuntos mais alegres, como os filhos de Peter do primeiro casamento, seus netos, os tempos em que os quatro irmãos Kahn passavam o dia no terraço de sua casa. “Todo mundo parecia tão jovem naquela época”, diz ela. “Nem tenho certeza se sei o que é velhice agora.” Peter sabe. “Sorte a sua”, diz ele.

 

 

Envelhecer não é bom para a maioria. Não importa quão determinados estão os pesquisadores, nem quão esperançosos são seus vídeos no site do projeto da Escola de Medicina Albert Einstein. Entre os Kahns, certamente paira a expectativa da exceção, apesar da morte “precoce” de Leonore, aos 99 anos. Toda invencibilidade aparente de cada irmão serve de apoio à do outro. Para eles, a longevidade chega a parecer uma questão de força de vontade – e não de destino.

Para os pesquisadores, a única evidência confiável é a científica. Mesmo que boa parte da longevidade seja genética, ela ainda se concretiza de forma imprevisível, inclusive entre parentes próximos. Quando Barzilai afirma que “há mais do que uma forma de alcançar os 100 anos”, quer dizer que os superidosos não têm necessariamente todas as características que está estudando. Mas ter ao menos uma delas pode ser suficiente.

Pesquisadores estão planejando caminhos alternativos. A terceira fase de testes de uma droga que imita a ação da boa variante do gene CETP está em curso no laboratório farmacêutico Merck. Os resultados são esperados para 2013. Barzilai não participa desse projeto. Ele trabalha em seus próprios remédios de longevidade por meio de uma pequena empresa de biotecnologia, criada com um colega.

 

 

Por mais digno que isso possa parecer, não está claro para mim como serão as novas gerações que envelhecerão amparadas por essas novas drogas. Mesmo com os progressos milagrosos que certamente virão nas próximas décadas, a longevidade será sempre uma bênção dúbia. Ainda assim, ninguém quer parar de tentar. O verdadeiro sentido dos superidosos como os Kahns pode ser mostrar as escolhas que muitos de nós teremos de enfrentar.

Este, talvez, seja o maior segredo de uma vida longa e saudável. Para Francisco Núñez, 112 anos, sentir-se jovem é fundamental para que o organismo acompanhe a mente, ultrapassando as médias da expectativa de vida. Segundo Francisco, que vive em casa com sua filha octogenária, não estar num asilo (“cercado de pessoas idosas”, como relata) é fator fundamental para que ainda esteja vivo e sentindo-se cheio de energia.

Considere-se alguém que “fica mais velho” a cada ano, mas não “envelhece”. Comece uma nova aventura na vida todos os dias. Comprometa-se com o novo. Curta bons rituais e não maus hábitos. Faça qualquer coisa que ilumine seu coração!

 

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